A(s) política(s) linguística(s) galega(s) sob a lente da teoria crítica do reconhecimento

No presente artigo apresenta-se uma análise das metaestratégias político-linguísticas cuja implementação resulta possível e provável na Galiza, procurando compreender as suas potencialidades e limitações, sob a lente da teoria crítica do reconhecimento enunciada por Fraser (1995, 2000), em relação à realidade da situação sociolinguística galega. Para isto, realiza-se uma contextualização desta situação, primeiro, e uma análise das estratégias possíveis para uma politica linguística galega. Na última parte do artigo analisam-se as potencialidades e limitações destas estratégias de acordo com a citada teoria crítica.

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Papel do português em Timor-Leste

País de colonização portuguesa, Timor-Leste foi ocupado pela Indonésia, no período entre 1975-1999; caracterizado pela diversidade linguística e por uma sociedade multicultural, viu-se, no tempo indonésio, submetido a uma política de “destimorização” que, no aspecto linguístico, significou a minimização do uso do tétum (língua nacional), a proibição da expressão em língua portuguesa e a imposição da utilização da língua indonésia. Com a independência e a constituição da República Democrática de Timor-Leste, em maio de 2002, o português assume, ao lado da língua tétum, o estatuto de oficial. Partindo dos conceitos de lusofonia e de identidade, traçamos um percurso em que refletimos acerca da construção da identidade linguística de Timor-Leste, inserido no espaço lusófono, recorrendo a depoimentos e registros de estudiosos, políticos e populares timorenses.

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Reflexões em torno de sexo, género, língua e literatura. Questões culturais de hegemonia

As reflexões sobre a relação entre determinada sociedade, com certa visão cultural predominante, e a língua desta são já antigas. Contudo, ainda na actualidade, há questões que subsistem, como as manifestadas pela oposição entre “feminino” e “masculino” para a definição da identidade individual. Prendem-se com as perspectivas culturais que uma sociedade lança sobre o mundo, isto é, a realidade extra-linguística, implicando a distinção entre “sexo” e “género” ou a sua coincidência. Realça-se a opção preferencial da cultura ocidental da contemporaneidade pelo “género” e trata-se, aqui, de propor uma abordagem ao assunto, fundamentada numa exemplificação recente, sobretudo com base na Língua Portuguesa.

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Falar em português para falar com as pessoas. Um estudo de caso

Este artigo pretende analisar de que formas os indivíduos normativamente designados de ‘imigrantes’ se apropriam da língua do país recetor e, com ela, se tornam agentes identitariamente implicados no processo da sua integração. Através de uma abordagem contextual centrada em narrativas de vida, a presente análise centra-se na aprendizagem e uso da língua portuguesa de dois indivíduos imigrados em Coimbra cuja língua materna não é a portuguesa.

Ao longo de todo o artigo importará refletir na língua enquanto uma prática discursiva. Falar em português ultrapassa o seu caráter pragmático, ao nível comunicativo interpessoal e laboral, para assumir uma dimensão performativa de cariz ontológico e político — um exercício estratégico identitário e contra-hegemónico que visa a procura por uma visibilidade e reconhecimento social. Estes sujeitos migrantes usam a língua, precisamente a identidade legitimadora que ela veicula, para reconstruírem uma identidade social e definirem a sua individualidade.

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Sexo e linguagem. Identidades em relevo em afixos superlativos: uma análise dos afixos super-, -íssimo, -ésimo e -érrimo nas colunas de esporte e sociedade do jornal O povo online

Neste artigo, analisa-se a função indexical dos afixos superlativos super-, -íssimo, -ésimo e –érrimo. A partir de arquivos coletados das colunas de “esporte” e “alta sociedade” do jornal O povo online, que têm como público alvo, respectivamente, leitores do sexo masculino e feminino, pretende-se identificar traços de uma identidade sexual que se coloca em relevo nas formações ocasionadas por estes afixos. Discute-se também, dentro das relações entre língua, (des)igualdade e formas de hegemonia, as maneiras pelas quais tais afixos se relacionam com os estereótipos sociais, ratificando a ideologia hegemônica do consenso. Para tanto, a fundamentação teórica deste trabalho encontra lugar no arcabouço da Morfopragmática e da Sociolingüística — sobretudo através das teorias de Gonçalves (2001), Preti (1984) e Possenti (1998) —, e da Análise do Discurso — com destaque às teorias de Fairclough (2001), Orlandi (1993) e Van Dijk (2008).

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Consensos excludentes, autoritarismos informais, poderes comunicacionais

A política do consenso visa a tornar sentido comum e implícito o que é historicamente arbitrário. Uma das maneiras para o poder se legitimar é representada pola monopolização/estandarização linguistica. As línguas representam a alma das culturas; neste sentido, assistimos muitas vezes a políticas desanimadoras. Por detrás destas políticas, ditas de integração, reside uma lógica de naturalização das hierarquias. Uma crítica às retóricas públicas e às estratégias de representação social pode permitir uma reavaliação ética e política das práticas de mediação cultural.

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