Reflexões em torno de sexo, género, língua e literatura. Questões culturais de hegemonia

As reflexões sobre a relação entre determinada sociedade, com certa visão cultural predominante, e a língua desta são já antigas. Contudo, ainda na actualidade, há questões que subsistem, como as manifestadas pela oposição entre “feminino” e “masculino” para a definição da identidade individual. Prendem-se com as perspectivas culturais que uma sociedade lança sobre o mundo, isto é, a realidade extra-linguística, implicando a distinção entre “sexo” e “género” ou a sua coincidência. Realça-se a opção preferencial da cultura ocidental da contemporaneidade pelo “género” e trata-se, aqui, de propor uma abordagem ao assunto, fundamentada numa exemplificação recente, sobretudo com base na Língua Portuguesa.

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Falar em português para falar com as pessoas. Um estudo de caso

Este artigo pretende analisar de que formas os indivíduos normativamente designados de ‘imigrantes’ se apropriam da língua do país recetor e, com ela, se tornam agentes identitariamente implicados no processo da sua integração. Através de uma abordagem contextual centrada em narrativas de vida, a presente análise centra-se na aprendizagem e uso da língua portuguesa de dois indivíduos imigrados em Coimbra cuja língua materna não é a portuguesa.

Ao longo de todo o artigo importará refletir na língua enquanto uma prática discursiva. Falar em português ultrapassa o seu caráter pragmático, ao nível comunicativo interpessoal e laboral, para assumir uma dimensão performativa de cariz ontológico e político — um exercício estratégico identitário e contra-hegemónico que visa a procura por uma visibilidade e reconhecimento social. Estes sujeitos migrantes usam a língua, precisamente a identidade legitimadora que ela veicula, para reconstruírem uma identidade social e definirem a sua individualidade.

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No meio do caminho havia cadernos: oralidade, língua e literatura na Guiné-Bissau e em Moçambique

 

A partir da tensão entre a língua portuguesa, a oralidade e as línguas nacionais africanas, como as de Moçambique e da Guiné-Bissau, este texto aborda os muitos conflitos oriundos da dominação colonial que resultam na escolha de escritores sobre em qual delas escrever literariamente. Assim, pretende refletir sobre as hierarquias, formas de dominação e de resistência no panorama das literaturas destes países, levando em consideração movimentos culturais como “Negritude”, associados ao colonialismo e ao pós-colonialismo na discursividade sobre literatura e nação. É nossa intenção demonstrar como a escrita literária revela a atmosfera de incompletude do romance como gênero literário e a representação das diferenças expressas pelas múltiplas realidades retratadas pela literatura.

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