Percorrendo algumas obras do Romantismo, do regionalismo dito “pré-modernista” e do Modernismo brasileiros, este ensaio se detém sobre as forças presentes nos debates intelectuais da virada do século XIX ao início do século XX, objetivando demonstrar como parte dos argumentos utilizados tanto pelos artistas, quanto pela crítica obliterou clivagens relevantes para a compreensão das tensões oriundas dos processos de modernização em curso. Se por um lado, o Modernismo de 1922 pode ter sido responsável por rupturas importantes no que tange a certa liberdade criativa, com seus procedimentos destrutivos, conforme apontam diversos autores, por outro, certamente não poupou a geração imediatamente anterior à sua, desferindo críticas ferrenhas que, a bem da verdade, nem sempre se sustentavam. Para além disso, muitos de seus posicionamentos fizeram escola nos discursos críticos posteriores e consolidaram maneiras de apreender, não raramente de modo apriorístico, a literatura dita regional ou regionalista. Discutimos, então, como tivemos, no Brasil, arte moderna antes de chegarmos ao Modernismo, muito embora frequentemente este viés seja ignorado.